Pessoas Desaparecidas

Pessoas Desaparecidas

A pesquisa de Pessoas Desaparecidas, realizada pelo Instituto de Segurança Pública, analisou, em 2009, os casos de desaparecimento ocorridos no ano de 2007 no estado do Rio de Janeiro. O estudo foi pioneiro ao abordar a temática no Brasil e teve como objetivo entender melhor a dinâmica desse tipo de evento.

Além de abordar o perfil das vítimas de desaparecimento, os principais motivos que levaram ao fato e os locais onde se deram os eventos, a análise chegou ao dado importante de que 71,3% das pessoas tidas como desaparecidas retornam ao lar ou são encontradas.

Em 2011, o ISP atualizou o perfil traçado para a vítimas de desaparecimento utilizando dados de 2010, e verificou que as principais características se mantêm. A comparação dos dados referentes aos registros de desaparecimento no estado do Rio de Janeiro nos anos de 2007 e 2010 revela que ocorreu aumento significativo de registros de desaparecimentos. Em 2007, foram registrados 4.641 desaparecimentos; já em 2010 essa cifra aumentou para 5.473 ocorrências, perfazendo uma diferença de 832 registros no período analisado.

Desagregando esses dados por faixa de idade, podemos inferir que persiste a concentração de casos de desaparecimento entre os jovens de 12 e 17 anos de idade. Notamos ainda que no número das ocorrências nas quais não se pôde obter qualquer tipo de informação acerca da idade da vítima ocorreu uma sensível diminuição. Em 2007, esse tipo de registro apareceu em 16,2% dos casos, já em 2010 esse percentual diminuiu para 10,6% dos casos analisados.

Quanto à variável sexo, tanto em valores absolutos quanto em percentuais, os dados revelam semelhanças em relação aos anos pesquisados. Em 2007, 61,6% do total dos registros eram compostos por homens, e 38,4%, por mulheres. Em 2010, esses percentuais não mostram diferenças significativas, sendo 59% de homens e 38% de mulheres.

Em relação à ocupação profissional das vítimas, também observamos semelhanças em relação aos anos analisados. Em 2007, o levantamento mostrou que 28,1% dos desaparecidos eram estudantes, e em 2010 esse percentual diminuiu para 27,4%, continuando significativo. Os dados de 2010 trouxeram novas categorias que não aparecem nos dados trabalhados em 2007. A categoria “trabalhador assalariado” (níveis médio e técnico), ainda que seja responsável por um percentual de 20,3% do conjunto dos registros de 2010, não pôde ser comparada com 2007, pois essa ocupação profissional não constava da primeira análise.

Como foi depreendido dos dados de 2007, com relação à escolaridade das vítimas, a maioria dos desaparecidos tem o ensino fundamental incompleto (40,5% em 2010 e 43,2% em 2007), é solteira (64,2% em 2010 e 71,4% em 2007) e da cor parda (42,2% em 2010 e 43,7% em 2007).

Sobre a distribuição espacial dos registros, não houve mudanças substanciais em relação aos dois anos estudados. A capital segue sendo a região com maior concentração de casos de desaparecimento, 40,3% (2007) e 42,9% (2010). Logo a seguir, encontramos a Baixada Fluminense, com 25,9% (2007) e 26,1% (2010). O interior do estado continua ocupando a terceira posição no ranking dos desaparecimentos, com 24,6% (2007) e 20,8% (2010). Já a região da Grande Niterói se mantém respondendo pelos menores índices desse tipo de registro no estado, 9,2% (2007) e 10,2% (2010).

No tocante aos meses do ano em que existe maior concentração de desaparecimentos, percebemos uma regularidade na distribuição desses registros, encontrada em ambos os anos. Contudo, observamos uma mudança em relação ao mês de maior frequência. Em 2007, esse mês era março, no qual foram registrados 461 casos do total anual. Já em 2010, o mês mais relevante foi dezembro, que respondeu por 527 casos ocorridos no ano. Já em relação aos dias da semana com maior concentração de desaparecimentos, verificamos aproximações entre ambos os anos analisados: a sexta-feira segue sendo o dia da semana com maior frequência de eventos desse tipo (750 em 2007 e 996 em 2010). Nota-se um aumento substancial entre os dois anos, mantendo a concentração nesse mesmo dia.

O perfil traçado pela Pesquisa sobre pessoas desaparecidas no estado do Rio de Janeiro é compatível com aquele delineado originalmente, com dados de 2007. Apesar de o número de registros ter apresentado um expressivo aumento, indo de 4.641 em 2007 para 5.473 em 2010, as características dos desaparecidos estão em consonância com aquelas percebidas nas análises realizadas pelo ISP. Sendo assim, os dados da Pesquisa “Desaparecidos no estado do Rio de Janeiro em 2007”, ao lado da atualização de dados cuja referência é o ano de 2010, ainda demonstram sua relevância para iniciativas que pretendam compreender o fenômeno do desaparecimento em suas diferentes nuances, incluindo os aspectos físicos e do cotidiano das vítimas.

A Pesquisa de Desaparecidos no Estado do Rio de Janeiro em 2007 trouxe dados inéditos e de grande relevância para a prevenção do desaparecimento. Por essa razão, o ISP teve a iniciativa de criar uma publicação dirigida aos policiais, inicialmente, para que eles pudessem aproveitar essas informações na sua função cotidiana de colaborar com a sociedade, e para todos aqueles que desejarem ter acesso aos principais resultados da pesquisa. A publicação pretende, assim, não apenas contribuir para a compreensão do fenômeno em sua totalidade, mas também servir de subsídio para a efetivação de políticas públicas no Estado do Rio de Janeiro que contemplem o planejamento estratégico na área de segurança.

Relatórios:
Perfil de desaparecidos no estado do Rio de Janeiro em 2010
Pesquisa de desaparecidos no estado do Rio de Janeiro em 2007



Painel de Visualização:
ISP Visualização - Grupos Vulneráveis

 

Revista Cadernos de Segurança Pública:
ISP Revista - "Desaparecidos no Estado do Rio de Janeiro em 2007" do ISP: Notas sobre a construção da pesquisa 

 

Notícia:
ISP divulga 1ª Pesquisa do Brasil sobre Pessoas Desaparecidas no Estado do Rio de Janeiro