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A pesquisa surgiu de uma demanda do Secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, no final de 2008, para analisar casos de desaparecimentos, o que possibilitou a comparação desses com casos de homicídios dolosos;
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Os dados da pesquisa foram provenientes das ocorrências registradas pela Polícia Civil, referente ao ano de 2007.
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Um ponto importante da pesquisa foi a comparação feita entre os desaparecimentos e os homicídios no Estado do Rio de Janeiro. Dos 4.423 casos analisados do banco de dados não foi constatada relação direta entre esses eventos;
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Com base nas entrevistas realizadas foi selecionada uma amostra considerável de 456 casos (10% do banco de dados) de desaparecidos de 2007. Constatou-se assim, que 71,3% dos desaparecidos haviam reaparecido vivos; 14,7% não reapareceram; 6,8% reapareceram mortos; 4,4% sem informação; e 2,9% a família informou não ter havido desaparecimento (mesmo constando um Registro de Ocorrência). Cabe ressaltar que dos 6,8% (31 casos) que reapareceram e estavam mortos, 18 foram casos de homicídios dolosos. Destes casos, 9 homicídios foram verificados nos registros de ocorrência da polícia civil do Estado do Rio de Janeiro (ROweb). Outros 5 foram verificados através do banco de dados de mortalidade fornecido pela Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro. Os demais (4) não possuem registros, sendo baseados na fala dos comunicantes durante as entrevistas;
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Cabe ressaltar que apenas 84 reaparecimentos foram registrados na Polícia, o que representa 2% do total de desaparecimentos do ano de 2007.
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Essa mesma amostra de 456 casos foi fundamental para compor categorias explicativas sobre a dinâmica dos desaparecimentos. Assim, foi possível criar um perfil para os desaparecidos capaz de explicar a motivação dos desaparecimentos, entre elas estão: abandono de lar, desaparecimento nas águas, distúrbio mental, falta de comunicação, fuga, hospitalização, motivações de lazer, causas violentas, uso de álcool e uso de drogas, sem motivação aparente, sem informação conclusiva, outros;
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Entre as categorias anteriormente citadas, as mais recorrentes foram: fuga, 17,4% dos casos, caracterizada pelos casos em que o grau de autonomia/independência (financeira e psicológica) do desaparecido é fundamental na determinação das motivações do desaparecimento; distúrbio mental veio em segundo lugar, com 15,0%, o que corresponde aos casos de desaparecimento cuja principal motivação deriva de um distúrbio da ordem do psíquico; em terceiro lugar surgiu a categoria causas violentas, com 12,9%, que engloba os desaparecimentos ocasionados por ações violentas, que podem ser tipificadas como crimes (homicídio, seqüestro, o abandono forçado do lar decorrente de violência doméstica ou de ameaça, o envolvimento com o tráfico de entorpecentes); e por último apareceu a categoria motivações de lazer, que representou 12,3% dos casos, que compreende os desaparecimentos que se relacionam as atividades recreativas;
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Com referência a análise espacial do total de vítimas de desaparecimentos no Estado (4.423 casos), o estudo mostrou que a Região Metropolitana do Rio de Janeiro (Capital, Baixada e Grande Niterói) foi a que mais concentrou os registros, com 75,4% do total das ocorrências, e o restante, 24,6%, foram registrados no interior do Estado;
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Outro aspecto considerável ao comparar as vítimas de desaparecimento com os dados de homicídios dolosos foi observado a partir da variável sexo. Os homicídios dolosos são mais freqüentes entre homens (81,9%) do que em mulheres (7,2%); e 10,9% dos dados foi de vítimas sem informação. Já em relação aos desaparecimentos, o percentual foi 61,6% homens e 38,4% mulheres;
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Quanto à idade das vítimas de homicídios dolosos foi possível observar que as maiores porcentagens estão na faixa etária de 20 a 24 anos, com 13,6%; de 25 a 29 anos, com 12,8%; e de 30 a 34 anos, com 9,2%. Já com relação aos desaparecimentos, a concentração se dá nas seguintes faixas etárias: entre 15 e 19 anos, com 20,8%; de 10 a 14 anos, com 12,4%; e de 20 a 24, com 8,9%;
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Em relação ao estado civil, a maioria das vítimas é solteira, com 59,9%. Logo em seguida veio a categoria casado com 12,4% e companheiro com 4,8%;
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E quanto à escolaridade das mesmas foi possível verificar que a maior parte possui 1º grau incompleto (atual ensino básico) com 30,9%. Em segundo lugar, com 13,8%, 1º grau completo, e em terceiro lugar, 2º grau completo, com 8,5%;